domingo, 05 de maio de 2024

Aleitamento Materno

   1- INTRODUÇÃO

Este trabalho nasceu para trazer aos profissionais da saúde que trabalham com o aleitamento materno, e principalmente às mães que estão amamentando ou às mulheres que ainda desejam um dia amamentar seus filhos, apoio e incentivo nos momentos de insegurança que possam surgir durante esta caminhada do aleitamento materno.

A amamentação é um símbolo do mais puro amor, aquele entre mãe e filho. Artistas buscam há anos retratar esta relação onde as duas pessoas envolvidas são nesse instante, uma única expressão. Michelangelo, Da Vinci e Picasso, estão entre os grandes artistas, que através deste tema deram vida a pedra, argila ou tinta.

    2 - A MAMA NA GRAVIDEZ

No primeiro trimestre da gestação as glândulas de Montgomery aumentam e a aréola e pele a sua volta, começam a escurecer. Estas glândulas começam a secretar um lubrificante antimicrobiano, que irá se manter em ação até o final da lactação.

No segundo trimestre, ao final dos ductos que vinham se ramificando, começam a se desenvolver os alvéolos onde será produzido o leite. Isso se torna possível sob a influência dos hormônios que atuavam no ciclo menstrual, estrógeno e progesterona (pró gestação), e que com a sabedoria e equilíbrio da natureza, passam a atuar pelo bom desenvolvimento das mamas, preparando-as para o aleitamento. Neste período, por volta do quinto mês, já existe a produção do colostro e se necessário do leite, no caso de um parto prematuro.

No terceiro trimestre as aréolas e mamilos crescem e escurecem ainda mais, isto pode servir como estímulo visual ao recém nascido enquanto procura a mama.

Imagino que possa ter surgido a dúvida: Se os alvéolos, na presença da prolactina liberada pela placenta, são capazes de produzir leite, por que as gestantes não amamentam ?

Na realidade o hormônio responsável pela descida do leite, a ocitocina, só é produzido pela hipófise quando há o estímulo da criança na ordenha da mama, mesmo que a prolactina secretada pela placenta já tenha estimulado a produção de leite. No momento do parto com a expulsão da placenta, a ocitocina será a principal responsável pela contração uterina, diminuindo as hemorragias pós parto. A ocitocina será responsável pela contração das células mioepiteliais que envolvem os alvéolos produtores do leite.

   3 - COMO FUNCIONA A MAMA

A partir desse momento vamos esclarecer como este sistema de glândulas funciona de maneira equilibrada e harmônica com a vida.

Após o parto e eliminação da placenta, caem drasticamente os níveis de estrógeno e progesterona, mas ainda mantém-se altos os índices de prolactina que estimulam os alvéolos a produzir o leite, por esse motivo, o ideal é que o recém nascido imediatamente após o parto seja levado ao contato direto com a mãe e inicie o aleitamento. As mamas necessitam ser esvaziadas e o maior reflexo de sucção neural ocorre na primeira meia hora de vida. Isto justifica a busca pelo parto humanizado, onde grandes hospitais vêm realizando esses procedimentos no quarto, onde o recém nascido ficará com a mãe em alojamento conjunto possibilitando o aleitamento em livre demanda.

Dois aspectos devem ser observados quanto ao funcionamento da mama; a produção e a ejeção do leite.

PRODUÇÃO DO LEITE

Quando o bebê mama, as terminações nervosas presentes no mamilo geram impulsos que são levados até a hipófise, glândula situada no cérebro, que em sua região anterior irá produzir a prolactina, sendo liberada na corrente sanguínea seguirá aos alvéolos ativando suas células secretoras de leite.

EJEÇÃO DO LEITE

No mesmo momento em que a hipófise recebe esses impulsos, ela também produz um outro hormônio, porém na sua região posterior, é a ocitocina, que através da corrente sanguínea chegará às células mioepiteliais que envolvem os alvéolos, provocando sua contração e a descida do leite (apojadura) pelos ductos até as ampolas lactíferas sob a aréola.

Esses dois processos ocorrem por estímulos neuro-hormonais, ou seja, QUANTO MAIS O BEBÊ MAMA, MAIS LEITE É PRODUZIDO.

Em uma pega correta, a língua com movimentos peristálticos esvaziará as ampolas lactíferas, estimulando a produção e ejeção de mais leite, enquanto houver estímulo haverá leite.

A prolactina atua mesmo entre as mamadas produzindo o leite, enquanto a ocitocina atua somente durante a mamada contraindo os alvéolos.

   4 - CONSTITUIÇÃO DO LEITE

O leite é sinônimo de vida, as mães quando amamentam produzem um alimento balanceado e equilibrado, próprio para seus filhos que necessitam deste calor. Esta vitalidade se dá somente no aleitamento materno pois a criança recebe este leite num contato direto com um organismo vivo, a mãe.

O leite é produzido através de substâncias presentes no corpo da mãe, mais especificamente no sangue materno. Por esse motivo as mães que planejam transmitir saúde, devem ingerir sempre que possível alimentos saudáveis por exemplo os de origem orgânica ou biodinâmica, evitando ao máximo pesticidas, inseticidas e outros tóxicos.

Outro fator que preocupa as mães além da qualidade do leite é a quantidade. Deve-se adotar a livre demanda, ou seja, sempre que o bebê manifestar vontade pelo leite. Esta regra sempre funcionou para os povos mais primitivos e ligados aos ritmos da natureza. Nos centros mais urbanos sabemos que quase não existe este ritmo no trabalho, no lazer, no sono e principalmente na alimentação, aí a importância de se programar e estabelecer um ritmo natural entre a mãe e o bebê que pode girar em torno de 8 mamadas por dia, ou de 3 em 3 horas.

O ritmo está ligado intimamente com a vida, na inspiração e na expiração do ar, na sístole e diástole do coração, no dia e na noite, nas plantas que perdem suas folhas no outono e exibem suas flores na primavera e no bebê que ordenha e esvazia a mama permitindo que essa se renove e produza mais e mais leite.

A falta de ritmo, a vida desregrada são sinais de desequilíbrio e por conseqüência doença.

O colostro que já estava produzido pela mãe é o primeiro alimento do recém nascido nas 48 horas iniciais de vida, quando ocorre a apojadura (descida do leite). O colostro é muito rico em anticorpos, daí ser chamado de primeira vacina, também possui uma leve característica laxante que ajuda a limpar o organismo de substâncias desnecessárias, por exemplo o mecônio (primeiras fezes do bebê). Ele estará misturado ao leite até próximo do décimo dia, quando desaparece totalmente.

A coloração amarelada e o pequeno volume de colostro dão lugar ao leite branco que será produzido em quantidades maiores, tanto quanto forem estimuladas as mamas na ordenha.

As células secretoras dos alvéolos, retiram do sangue materno: água, partículas de proteína, glóbulos de gordura, lactose (açúcar), sais minerais, vitaminas e anticorpos, entre outras substâncias importantes para a composição do leite.

O leite materno se altera durante toda a amamentação, ele inicia na mamada ainda ralo e transparente e já no final da mesma se apresenta esbranquiçado com alto índice de gordura, assim, as papilas gustativas do bebê detectam a presença destes lipídios e dão sinal de saciedade ao cérebro do bebê. É capaz ainda de fornecer ao bebê os anticorpos necessários naquele determinado momento. O principal fator imunológico presente no leite materno é a Iga secretória que atua revestindo os intestinos do bebê, impedindo a aglomeração e multiplicação de bactérias e vírus.

O leite tem como características básicas:

Ser de fácil digestão e não sobrecarregar o intestino e os rins do bebê. Isto explica as fezes amarelas e pastosas e a urina clarinha e abundante, quase sem odor.
Proteger o bebê de muitas doenças, devido o seu potencial imunológico se modificando de acordo com as necessidades do bebê.
É prático, não precisa ferver, misturar, coar, dissolver ou esfriar, está sempre pronto em qualquer hora e lugar na temperatura ideal.
Apresentar de forma balanceada carboidratos, gorduras e proteínas, necessários a cada fase da vida do bebê.
Prevenir a obesidade infantil pois a criança é saciada pela qualidade do alimento e não pela quantidade.
Menor probabilidade de desenvolver doenças alérgicas como eczemas, bronquites e asmas.
Prevenir as diarréias, responsáveis por morte principalmente em famílias de baixa renda.

   5 - PREPARAÇÃO PARA O ALEITAMENTO MATERNO

A partir do momento que a mulher descobre que está grávida tudo passa a ser novidade, ninguém é capaz de notar as diferenças que somente a mulher começa a sentir. É natural que nesse período apareçam muitas dúvidas, quanto ao sexo do bebê, semelhanças com o pai ou a mãe, tipo de parto e uma questão em especial que traz muita insegurança: será que vou conseguir amamentar meu bebê ?

Para todas essas dúvidas o que deve marcar essa fase é a tranqüilidade, principalmente através de informação passada por profissionais da saúde capacitados em aleitamento materno e nos diversos grupos que apóiam, orientam e incentivam a amamentação.

A mulher, e futura mamãe, é a principal responsável por tudo o que o feto recebe. Geneticamente ele tem as características do pai e mãe e suas famílias, mas depende da gestante nutri-lo por 9 meses muito além de comida, com muito amor.

Neste período as refeições devem ser feitas em menor quantidade porém mais vezes ao dia, é possível que nos primeiros meses ocorram enjôos matinais que podem ser evitados pela mastigação de pão integral seco ou comendo um pedaço de maça ao se levantar. Todo alimento deve ser triturado lentamente para que a saliva inicie o processo digestivo.

O aumento do peso na mulher grávida gira em torno de 1Kg ou um pouco mais ao mês, sendo que deve-se ter esses dados como referência e não como uma obrigação, há de se considerar as diferenças constitucionais de cada mulher.

A dieta deve conter cereais integrais, frutas e verduras, que estimulam o bom funcionamento do intestino, se essas medidas não forem suficientes, podem ser usados farelo de trigo, ameixas secas ou deixar de molho de um dia para outro uma colher se sopa de semente de linhaça e de manhã misturar com uma colher de mel e ingeri-la. Deve-se evitar laxativos.

É primordial que nesta fase a futura mãe já tenha definido quem será o médico e onde se realizará o parto. Procure escolher um médico em que você confie e que possa lhe orientar, indicando a maternidade que apóie as iniciativas do Hospital Amigo da Criança (IHAC) como por exemplo iniciar a amamentação na primeira meia hora após o parto, praticar alojamento conjunto 24 horas por dia, não dar bicos artificiais ou chupetas às crianças amamentadas, informar todas as gestantes atendidas sobre as vantagens e o manejo da amamentação. O título de Hospital Amigo da Criança, é um selo concedido pela UNICEF atribuído às maternidades que desenvolvem projetos de apoio e incentivo ao aleitamento materno.

A natureza prepara as mães assim como as mamas para o aleitamento materno. Durante a gravidez a espessura mamilar aumenta 1,5 mm e o diâmetro areolar, cerca de 15 mm em média, as glândulas sebáceas existentes na aréola desenvolvem-se para produzir mais gordura e lubrificar melhor a região. Ainda assim podemos contribuir com alguns cuidados especiais bem antes do aleitamento. Durante a gestação deve-se expor as mamas a banho de sol por 15 a 20 minutos antes das 10 da manhã, este procedimento de forma adequada e contínua aumenta a resistência da região da aréola e mamilo.

Outro recurso aceito por uns e contestado por outros, é a partir do quarto mês proporcionar pequenos atritos à região mamiloareolar através de fricções com uma toalha felpuda, uso de soutiens de amamentação abertos ou até mesmo o não uso de soutien. Os que defendem esta prática dizem que ela leva resistência da região, os que são contra, acreditam que ela remova a camada de proteção natural. Outra possibilidade pouco praticada porém bastante eficiente, é passar suco de limão sobre a região da aréola e mamilo que também a tornará mais resistente. Vale lembrar que nunca deve-se passar o limão e se expor ao sol, evitando queimaduras. Todas essas técnicas são importantes, mas só isso não basta, é necessário também verificar a flexibilidade desta região para que não haja as temíveis rachaduras na hora de amamentar.

Existem 4 tipos de mamilos:

Mamilo Protruso - corresponde a 92% das mulheres, quando estimulado fica saliente e proporciona facilmente a amamentação.
Mamilo Semiprotruso - corresponde a 7% das mulheres, fica pouco saliente quando estimulado mas permite com certa facilidade o aleitamento.
Mamilo Pseudo-invertido - corresponde a 0,5% das mulheres, quando estimulado se exterioriza muito pouco, voltando logo em seguida ao estado invertido, dificilmente possibilita a amamentação.
Mamilo Invertido - corresponde a 0,5% das mulheres, mesmo quando estimulado não se torna saliente, ficando no máximo no mesmo plano da aréola, não possibilita a amamentação.

Um mamilo é considerado mal formado quase sempre por causa de aderências na base. Alguns profissionais sugerem exercícios na tentativa de romper essas aderências, porém não se pode garantir o sucesso.

Com os dedos indicadores colocados na base do mamilo sobre a aréola, pressione e distenda a base do mamilo firmemente. Repita esses movimentos no sentido horizontal várias vezes e depois o mesmo procedimento no sentido vertical.

Num segundo exercício segure o mamilo com o polegar e indicador da mesma mão torcendo-o ora para a direita e ora para a esquerda, repita várias vezes ao dia. Os dois exercícios devem ser repetidos, mas nunca se deve sentir dor, no início um pequeno ardor é esperado.

A partir de agora a mãe está pronta para secretar amor, levar vida e gerar alegria comprovada na satisfação do bebê ao final de cada mamada.

   6 - COMO AMAMENTAR O BEBÊ

Nove meses se passaram, a relação que começou delicada, cheia de inseguranças e incertezas, já estava equilibrada e estabilizada, sofre novas mudanças com a chegada do bebê. Todos querem ver o rostinho dele, segurá-lo e participar à nova mãe suas experiências, mesmo que estas não sejam muito positivas.

Existem os instintos da mãe e do bebê, mas mesmo assim, é preciso aprendizado de ambas as partes. Surge então uma nova relação entre mãe e filho. Como todo início, necessita pequenos ajustes e algumas vezes um pouco de treino, portanto não se deve esperar muito para começar. Lembremos que o maior reflexo de sucção neural se dá na primeira meia hora de vida (iniciativa Hospital Amigo da Criança - 4).

O bebê deve receber EXCLUSIVAMENTE o leite materno até os 6 meses de idade, só então poderão ser introduzidos outros alimentos, lembrando que o aleitamento deverá continuar até os 24 meses. Esses períodos são definidos pela mãe em íntima sintonia com o bebê de maneira natural.

A mãe deve ficar atenta para que a posição do bebê seja a mais vertical possível, facilitando a deglutição do leite e posteriormente a eliminação de gases através dos arrotos. Ela deve estar sempre em posição confortável, de preferência com as costas bem apoiadas para fazer com que esses momentos sejam aproveitados ao máximo em quantidade, mas principalmente em qualidade.

No início os períodos entre as mamadas tendem a ser mais curtos e o tempo de aleitamento menor, com o passar dos dias mãe e filho se entendem e definem com certa tranqüilidade as regras desse jogo de puro afeto.

A principal característica de um bom aleitamento materno é uma pega correta, ela responde por um esvaziamento completo das mamas sem que ocorra rachaduras na aréola e mamilo. O bebê deve sempre abocanhar a maior parte da aréola, para isso, encosta-se o mamilo no lábio inferior para que o bebê abra bem a boca e coloque quase toda aréola para dentro. O mamilo, durante o aleitamento, pode chegar a 3 vezes o seu tamanho normal, dentro da boca ele é pressionado (ordenhado), assim como a aréola e suas ampolas lactíferas, pela língua através de movimentos peristálticos que partem da ponta dela e se dirigem até o estômago.

Algumas mães podem estranhar o fato de com o leite materno o bebê mamar em intervalos menores e passar 4 ou 5 dias sem evacuar. Mais uma vez a natureza se mostra sábia, o leite materno é digerido facilmente, aliás até o sexto mês é o único alimento que o bebê está preparado para digerir, por isso por volta de 3 horas o bebê necessita de mais leite, muito diferente do leite de vaca, que é o melhor leite para os bezerros, que precisam ganhar peso rapidamente pois ficam expostos ao relento. O leite materno é aproveitado quase que totalmente pelo bebê, não sobrando quase nada para a formação do bolo fecal.

Quando o bebê nasce ele ainda tem muito o que desenvolver e crescer, principalmente o esqueleto facial que é muito deficiente em relação ao crânio. Todo estímulo para este crescimento se dá através da amamentação, um exercício que requer uso da mesma musculatura que estará envolvida na trituração dos alimentos por toda a vida. Se não houver a amamentação não ocorrerá o desenvolvimento adequado da boca e suas funções, fonação, mastigação e equilíbrio postural.

Ao mamar o bebê causa um vedamento labial junto à mama, permitindo que sua respiração seja exclusivamente nasal. A mãe deve cuidar para que a mama não obstrua a cavidade nasal para não interromper a mamada.

O que pode levar a essa obstrução é o fato das mamas estarem muito cheias de leite. Já dissemos que com o tempo mãe e bebê equilibram as quantidades de leite produzida e consumida, porém no início este leite pode estar em grande quantidade na mama e ocorre o ingurgitamento mamário, isto pode causar dor e também levar a fissuras.

A recomendação é que se faça a ordenha manual das mamas, pressionando-as na região das ampolas lactíferas e também na base das mamas. Não se preconiza bombinhas ou métodos que façam sucção (pressão negativa) pois podem gerar ainda mais dor e ferimentos, na ordenha manual a mãe controla a pressão até o limite em que não haja muita dor. A melhor maneira de se esvaziar completamente a mama a cada mamada é através de uma pega correta e a perfeita ordenha pelo bebê.

Outro problema que a mãe pode encontrar é a pequena produção de leite nos primeiros dias, lembrando que a produção ocorre devido ao estímulo na mama, portanto nada melhor do que dar o peito ao bebê.

A mãe pode contribuir buscando se tranquilizar e relaxar, é fundamental a participação dos familiares para que isso ocorra. A mãe deve beber muita água, também pode-se lançar mão de chás que estimulam a lactação, chá só para as mães, para os bebês somente leite materno.

As mães não devem se preocupar com regras rígidas, muito menos se culpar ou penitenciar por qualquer insucesso, todas essas informações devem ser colocadas em prática e aproveitadas de maneira natural.

   7 - BENEFÍCIOS PARA A MÃE

Quando o assunto é aleitamento materno, logo se pensa na saúde da criança, nas vantagens que esta leva sobre aquelas que não são amamentadas. A mulher que era o centro das atenções até o nascimento do bebê, muitas vezes se enche de insegurança chegando, em alguns casos, à depressão.

Acredito que o maior de todos os benefícios da amamentação é a segurança que a mãe adquire e a certeza de que durante 6 meses aquele novo ser, frágil e indefeso, não precisará de outra coisa que não seu amor, sua proteção e seu precioso leite.

Durante o aleitamento, as mães produzem a ocitocina que é o hormônio responsável pela contração dos alvéolos onde o leite é produzido, além de gerar as contrações que diminuirão o volume do útero ajudando a expulsar a placenta. Essa contração se dá também ao nível de vasos sanguíneos diminuindo o sangramento e evitando as hemorragias pós parto, uma das principais causas de mortalidade materna no Brasil.

As mães que amamentam, são protegidas contra anemia, já que estas demoram mais tempo para menstruar, evitando assim perder o seu "estoque de ferro" com o sangramento mensal.

A amamentação está relacionada coma a diminuição do risco de osteoporose na vida madura. Pesquisas mostram que mulheres que não amamentaram têm uma incidência 4 vezes maior da doença.

Dentre as mães diabéticas, que necessitam uso de insulina, constatou-se que no pós parto as que amamentam têm uma redução significante no uso de doses de insulina em relação às mães que dão mamadeira.

A amamentação estabiliza o progresso da endometriose materno. Não amamentar aumenta o risco de câncer de ovário e câncer endometrial.

Mulheres que amamentam voltam ao peso normal, de antes da gravidez, muito mais rápido devido ao grande gasto calórico durante as mamadas.

O aleitamento também reduz o risco da mulher desenvolver o câncer de mama. Pesquisas indicam que o aleitamento entre 4 e 12 meses reduz em 11% a incidência da doença, comparando às mães que amamentaram por 3 meses ou menos e que num período de 24 meses essa incidência cai 25%.

Também já existem dados mostrando que as mulheres que foram amamentadas apresentam um risco 25% menor de desenvolver a doença, que as mulheres que tomaram mamadeira.

Numa época onde a praticidade fala mais alto, a mãe se beneficia dando o peito, pois não precisa sair de casa em busca de leites especiais, mamadeiras ou chucas, aliás não precisa ir nem até a cozinha preparar o leite, ferver mamadeira, acertar temperatura ou gosto do preparo e ainda questionar se pode estar azedo ou estragado. Basta colocar o bebê junto ao peito e permitir que ele se satisfaça com o amor materno.

   8 - BENEFÍCIOS PARA A FAMÍLIA

O recém nascido passou 9 meses em segurança, crescendo e se desenvolvendo no útero materno, agora instintivamente busca o peito de sua mãe, lá procura muito além do leite. Quando em contato com sua mãe sente o mesmo ritmo que pulsou durante toda a gestação próximo à placenta que o envolvia, encontra o calor materno e recebe carinho e atenção que não podem ser transmitidos de outra forma que não seja a amamentação.

É muito importante o contato físico entre mãe e filho, as mães que se propõem a dar o peito exclusivamente até o sexto mês de vida, adquirem um conhecimento e uma afinidade incrível com o bebê e este se beneficia física e emocionalmente pois suas necessidades são sentidas e atendidas pela mãe de maneira natural.

Bebês prematuros são especialmente beneficiados com a amamentação, pois o leite produzido por suas mães é diferente daquele produzido pelas mães que tiveram tempo normal de gestação. No primeiro mês pós-parto o leite tem uma composição semelhante ao colostro, que é muito mais forte.

O leite materno contribui no controle da dor, pois possui uma substância química em sua composição que ajuda a suprimi-la, a endorfina. Uma boa sugestão é amamentar o bebê logo após a vacina ou até mesmo vaciná-lo enquanto mama.

Crianças amamentadas têm um índice bem menor de obesidade infantil, pois são saciadas pela qualidade e não quantidade de leite. Quando são alimentados com mamadeira, são usados leites e outros produtos para engrossar as refeições e engordar as crianças.

Crianças em aleitamento materno exclusivo têm menores quadros infecciosos porque o leite materno é livre das bactérias que se acumulam em mamadeiras e embalagens mau conservadas, além disso somente a mãe produz os anticorpos necessários já descritos anteriormente.

A amamentação proporciona exercícios excenciais para o perfeito desenvolvimento das arcadas dentárias e posteriormente um encaixe adequado dos dentes. Também é responsável pela tonicidade muscular correta da língua, músculos dos lábios, das bochechas e músculos da mastigação, permitindo a realização completa das funções da boca durante a vida.

As crianças que mamam têm menor risco de serem respiradores bucais e desenvolverem doenças alérgicas como asma, bronquite, sinusite, renite, etc. Têm risco 3 a 4 vezes menor de desenvolver otite média.

Pesquisas vêm sendo realizadas sobre aleitamento materno e já mostram diversas vantagens: a prevenção contra cegueira noturna em crianças de idade pré escolar, promovida pelo aleitamento materno, onde o leite apresenta-se como fonte de vitamina A; a redução do índice de doenças degenerativas como a diabetes; o aumento do quociente de inteligência (QI); e o aumento na incidência de esclerose múltipla associada a falta da amamentação.

9 - BENEFÍCIOS PARA A FAMÍLIA

Assim que o ritmo das mamadas se estabelece mãe e filho ganham segurança para enfrentar dificuldades que possam surgir. Esta relação interfere em toda a família, a perda do vínculo entre a mãe e o bebê gera um desgaste além do natural para todos de casa.

Dentre os benefícios da família, destacamos o fator econômico. Uma criança amamentada exclusivamente com leite em pó necessita mais de 1 lata do produto por semana, sem contar os gastos com mamadeiras, bicos, chucas, gás ou energia elétrica entre outros. Todos esses gastos podem chegar a consumir até meio salário mínimo no Brasil.

As vantagens financeiras não param por aí, seguem por toda a vida, pois as pessoas não amamentadas precisam mais de médicos, remédios, internações, tratamentos com fonoaudiólogos e psicólogos, aparelhos ortodônticos, fisioterapia e técnicas de reeducação postural.

A educação se inicia através da amamentação, ela possibilita de maneira disciplinada a percepção da criança quanto às regras do mundo, mais especificamente da família, onde ela irá se desenvolver. Essas regras não significam algo monótono ou repetitivo e sim a sintonia com a natureza que atua sobre o ser humano e vice versa.

A amamentação contribui para a saúde e qualidade de vida de toda a família, muito além do dinheiro, os problemas acarretados pela mamadeira, tomam muito tempo, quando existe saúde a família está sempre em harmonia pronta para aproveitar a vida.

   10 - ALTERNATIVAS NA IMPOSSIBILIDADE DO ALEITAMENTO

Antes de falarmos dos problemas que podem levar uma mãe a não amamentar seu filho, gostaria de deixar claro que todas as informações passadas até aqui têm como principal objetivo orientar as mães quanto à importância do aleitamento materno, e que esta decisão de amamentar ou não, cabe à mãe. Algumas vezes mesmo que a mãe tenha decidido amamentar, pode não ser possível em razão de obstáculos que independem de sua vontade, por exemplo, doenças físicas ou psíquicas. Principalmente nesses casos deve prevalecer o amor materno, que vai muito além do leite, prova disso é que o pai tem tanto amor quanto a mãe, independente do leite.

Biologicamente as mamas de qualquer mulher estão sempre prontas para produzir leite quando do estímulo da ordenha, uma mostra disso são as mães adotivas que produzem leite quando oferecem o peito e decidem amamentar o filho adotivo. Como já dissemos a produção de leite se dá por um reflexo neuro-hormonal e quanto mais se mama mais leite é produzido.

O problema é de ordem social onde ansiedades, tensões, dúvidas, estresse e inseguranças inibem a produção do leite e perturbam ainda mais a mãe. Neste caso pai, familiares e amigos devem contribuir para que o ambiente se torne tranqüilo e possibilite à mãe, se desejar, buscar a relactação, pois não significa que se o bebê não mamou por uma semana ou mais, que o aleitamento não possa ser reiniciado ou até iniciado, no caso do bebê ainda não ter mamado.

Deve-se recorrer aos grupos de apoio à amamentação, que estão preparados para ajudar nestes momentos difíceis.

O mais importante é que no período em que o bebê não mamar no peito, outro leite seja dado mas nunca utilizando-se mamadeira, deve-se dar preferência ao leite dos Bancos de Leite Humano, sempre usando colher ou copinho.

O que realmente impede o aleitamento materno são as doenças físicas, já dissemos anteriormente que o leite é parte do corpo da mãe, portanto as doenças podem ser transmitidas ao bebê. Um exemplo disso são as portadoras do vírus HIV, que quando não transmitem o vírus na gestação ou no parto, não devem amamentar seu filho, recorrendo aos Bancos de Leite através das normas descritas acima, ou permitir que outra mulher, via de regra a avó da criança, amamente seu filho.

Deve-se distinguir porém, doenças em que não há o menor problema em amamentar, por exemplo, mães com anemia são beneficiadas com a não menstruação no início do aleitamento. Enfim, essas alterações devem ser avaliadas pelo médico que orientará se a mãe deve ou não amamentar.

   11 - ORIENTAÇÕES PARA UM DESMAME SAUDÁVEL

Deve ficar claro que o início do desmame ocorre aos 6 meses de idade e significa a introdução de novos alimentos na dieta do bebê, e não a suspensão do leite materno que deve continuar até os 24 meses da criança.

Esses períodos são referentes à natureza da criança e devem ser seguidos dentro das possibilidades da mãe.

Hoje em dia a maior preocupação das mulheres é a volta ao emprego, por lei as mães têm 4 meses de licença maternidade e se a gestação for bem planejada pode-se aproveitar ainda 1 mês de férias, totalizando 5 meses em contato direto com o bebê. Na volta ao trabalho a mãe ainda conta com 2 pausas de 30 minutos ao dia, uma a cada 4 horas trabalhadas, até os 6 meses de idade do bebê.

No caso da mãe não morar próximo ao local de trabalho ela pode seguir as seguintes dicas:

Uma ou duas semanas antes de voltar ao trabalho, começar a tirar o leite através da ordenha manual e acondicioná-lo para fazer um estoque.
Amamentar antes de sair de casa para o trabalho e assim que retornar. Amamentar durante a noite.
No trabalho, retirar o leite, tantas vezes quanto o bebê mamaria se estivesse com a mãe.
Nos dias de folga, oferecer o peito à vontade.
Na ausência da mãe, quem ficar responsável pelo bebê deve dar o leite estocado sempre em xícara ou copinho, NUNCA usar mamadeiras.
Para as mães que trabalham, estas dicas ajudam a manter a criança até os 6 meses somente com o seu leite.

A partir do sétimo mês já podemos então introduzir os novos alimentos. O primeiro contato deve ser com as frutas, através delas a criança refinará seu paladar em relação ao açúcar, o qual já estava presente no leite materno (lactose).

A sugestão é um suco de laranja lima pela manhã e uma fruta raspada, por exemplo meia maçã, à tarde. É muito importante a maneira pela qual os alimentos são preparados e oferecidos, devem ser raspados com uma colher, amassados com um garfo ou passados em uma peneira, para mantermos a maior integridade dos alimentos. Os sucos de frutas espremidas devem ser oferecidos sempre em copos ou xícaras, NUNCA em mamadeiras. A mesma fruta deve se repetir por 5 a 7 dias para que a criança defina o paladar daquele alimento. Após esse período mudam-se as frutas e segue-se aproximadamente 1 semana. Pode-se usar banana, mamão, caqui, pêra, uva ou outras frutas da estação, sempre atentos ao preparo e maneira de servi-las.

A partir do oitavo mês, a criança deve começar a despertar para o sal através de sopas e papas de verduras, lembramos que a origem desses alimentos é muito importante dando-se preferencia aos de adubação orgânica ou biodinâmica. Cuidados também devem ser tomados quanto ao preparo, no cozimento deve-se escolher entre panela de esmalte, porcelana ou pirex, evitando alumínio e panela de pressão, usar quantidade adequada de água e a panela tampada, não desperdiçando no vapor da sopa os seus sais minerais. Pode-se usar cenoura, beterraba, mandioquinha, escarola, almeirão, espinafre, pimentão, chuchu, brócolis, etc. O importante é que haja em todas as sopas um equilíbrio entre raízes e tubérculos, folhas e talos, e flores e frutos, onde os 3 grupos devem estar presentes. O sal sempre em quantidade mínima.

Nesta idade já estão presentes os primeiros dentes e mesmo sem eles é importante que haja estímulo através de alimentos duros, torradas, crostas de pão integral ou mesmo pão amanhecido são indicados.

Por volta de 12 meses se inicia o contato do bebê com as carnes, pode-se começar com as carnes brancas, iniciando com os caldos e posteriormente a própria carne, por exemplo, numa canja inicia-se com o caldo e quando o bebê se acostuma com o paladar oferecemos a carne. Em seguida se oferece a carne vermelha da mesma maneira. Assim como nos vegetais, devemos procurar as carnes de animais saudáveis, como frangos sem hormônio e os chamados bois verdes.

O aleitamento que se iniciou com 8 mamadas por dia, no começo do desmame pode passar para 4 mamadas e 2 refeições com frutas, posteriormente 3 mamadas e 2 refeições com sopas e depois 2 mamadas mais as carnes, frutas e verduras. Passa-se a 1 mamada por volta dos 18 meses e aos 24, com a falta de estímulo o leite materno deixa de ser produzido.

Apesar dessas orientações mostrarem-se trabalhosas, vale a pena manter este equilíbrio durante os primeiros 24 meses de vida do bebê, para que este inicie a vida cheio de saúde.

   12 - AMAMENTAÇÃO NA ODONTOLOGIA

Todo dentista sabe da importância da amamentação para um bom desenvolvimento dos ossos e músculos da face. Quando o bebê nasce a maxila e principalmente a mandíbula, necessitam de estímulo para se desenvolver e poder realizar suas funções. Podemos dizer que a boca do recém nascido ainda requer um certo tempo e muito exercício para funcionar por toda a vida, aliás nem dentes ela possui.

Há muito tempo que a odontologia pesquisa a cura para os problemas da boca, em especial a cárie e o tártaro, responsáveis pela perda precoce de dentes. Já se fala em vacina contra as bactérias tidas como as principais responsáveis pela formação das cáries.

O fato é que estamos chegando às mesmas conclusões que a medicina já havia descoberto anos atrás, a prevenção é o melhor negócio, mais barato, mais rápido e muito menos dolorido.

Muito além de técnicas de higiene bucal, dos medicamentos de uso tópico ou mesmo por via oral, que são muito importantes no controle dos índices de cárie, a prevenção a qual me refiro é a amamentação.

O encaixe correto dos dentes é dado pelo equilíbrio de músculos como a língua, bochecha e lábios e um desenvolvimento harmônico das bases ósseas que os sustentarão.

Os dentes se desenvolvem, assim como as crianças, de maneira ritmada, demora aproximadamente 24 meses para todos os dentes de leite se posicionarem na boca, período semelhante ao que a criança deve permanecer sendo amamentada. Aliás a erupção do primeiro dente de leite, por volta dos 6 meses de vida, indica o fim do aleitamento materno exclusivo e a introdução de outros alimentos.

A criança que possui 20 dentes de leite terá no futuro 32 dentes permanentes, que erupcionam entre 6 e 21 anos. Para que todos esses dentes tenham espaço é fundamental o aleitamento materno e uma dieta composta por alimentos duros que ofereçam resistência ao complexo maxilo-mandibular.

Infelizmente hoje em dia é tão raro encontrar um adulto com 32 dentes quanto uma criança em aleitamento materno até os 2 anos, os indivíduos possuem cada vez menos espaço para o posicionamento adequado de todos os dentes, resultando num índice muito alto de extrações dentárias por falta de espaço bucal.

O uso de aparelhos ortodônticos tem sido cada vez mais frequente, na tentativa de corrigir esse desenvolvimento insuficiente das arcadas dentárias pela falta da amamentação.

O alinhamento correto dos dentes não é meramente um fator estético, interfere na trituração completa dos alimentos, facilitando a digestão destes, contribui com a fonação, permitindo uma pronúncia adequada das palavras, colabora ainda para uma boa postura evitando problemas de coluna, como lordose, sifose, escoliose, etc.

Dentes bem posicionados possibilitam uma higienização bucal eficiente e a eliminação da placa bacteriana.

Dentre os respiradores bucais, a grande maioria não foi amamentada sequer por 3 meses, mas usaram e abusaram de mamadeira e chupeta. Eles possuem a boca sempre seca, impedindo que a saliva realize sua função de limpar os dentes e gengivas, também apresentam muitos problemas com amigdalites e adenóides hipertróficas devido a este ressecamento, têm ainda dificuldade de escovar os dentes por causa da respiração.

   13 - PRODUTOS QUE PREJUDICAM A AMAMENTAÇÃO

O insucesso da amamentação na maioria das vezes está relacionado a produtos e hábitos que favorecem o desmame. É preciso ficar atento e impedir que estes produtos sejam oferecidos logo na primeira dificuldade como algo que possa resolver o problema, ou pior, que eles sejam usados como se fossem essenciais.

A principal inimiga do aleitamento materno é a mamadeira, o motivo é a confusão de bicos que atrapalha o bebê, quando este, ora ordenha o mamilo materno, ora suga o bico de borracha. Além disso quanto menos estímulo menor é a quantidade de leite produzido.

Este produto foi desenvolvido para as mães impossibilitadas de amamentar, o problema é que a mamadeira não permite que o bebê pratique a ordenha, mas simplesmente faça a sucção, que nada mais é que uma pressão negativa, utilizando músculos totalmente diferentes aos usados na ordenha que trabalha os chamados músculos da mastigação.

Qualquer que seja a mamadeira, com bico ortodôntico ou não, sempre trará prejuízo à saúde do bebê. Na impossibilidade do aleitamento materno deve-se usar copos ou xícaras, dessa maneira mesmo faltando o exercício promovido pela ordenha, não fortalecerá a musculatura inadequada utilizada na sucção, que impede o desenvolvimento das arcadas dentárias.

Como a sucção dos bicos de mamadeira não satisfazem o bebê, quase sempre surge um outro inimigo que causa grandes estragos, a chupeta. Na maioria das vezes ela é introduzida quando a criança chora na tentativa de amenizar essa tensão.

Além do mau físico, ela também traz complicações psicológicas não só enquanto são sugadas, mas quando os pais tentam interromper o seu uso. A tendência é que a criança supra esta falta, desenvolvendo outros hábitos como chupar o dedo, morder o lábio ou bochechas, roer unhas, morder lápis e caneta, etc.

De certa forma os profissionais da área da saúde que estão envolvidos com o aleitamento materno, já vêm buscando conscientizar os pais sobre os problemas causados pelo uso desses produtos, mas acho que vale um alerta sobre a influência da mídia nestes hábitos. Hoje em dia é comum bonecas virem com chupetas e mamadeiras, isto estimula a criança que aceita como normal estes utensílios.

A imagem do bebê está vinculada a chupetas e mamadeiras em comerciais e anúncios agressivos que prometem solucionar todos os problemas das mães.

Deve-se tomar todo o cuidado na escolha dos brinquedos das crianças, pois elas estão aprendendo enquanto brincam.

   14 - BENEFÍCIOS PARA A NATUREZA

Até agora falamos sobre as vantagens para a saúde do bebê, da mãe e da família que o aleitamento materno proporciona, vimos também o aspecto econômico e agora ampliaremos este impacto sobre a natureza. Como já vimos anteriormente o leite materno é produzido na quantidade que o bebê necessita, não havendo portanto desperdícios, outro fator é que as crianças aproveitam quase tudo deste leite, produzindo uma quantidade menor de fezes, com isso o número de fraldas, mesmo que descartáveis, é menor.

A maioria das mulheres que amamentam por um longo tempo (24 meses) não menstruam durante aproximadamente 12 meses, reduzindo a necessidade de absorventes e similares, produzindo menos lixo. Além do desperdício com fraldas e absorventes, deve ser considerados os recursos gastos na produção destes.

Para a produção de leite industrializado é necessário uma quantidade bastante grande de gado leiteiro, cada vaca consome em média 3,5 toneladas de vegetais por ano. Para se criar todo este pasto é preciso retirar muitas árvores e as vezes as pessoas até queimam as florestas destruindo várias espécies de animais e vegetais. O solo após esse desmatamento sofre com erosões e também há um aumento na emissão de gases que contribuem para o efeito estufa.

Num processo de fabricação do leite em pó e outros alimentos infantis exige-se aquecimento a altas temperaturas, o que desperdiça muita energia elétrica, que é produzida em usinas hidroelétricas que costumam ser caras e prejudiciais ao meio ambiente.

A quantidade de papel, papelão, plástico e metal desperdiçados nas embalagens de leite, mamadeiras, bicos e chupetas, que depois usados, a maior parte desses materiais não é reciclada e ficam poluindo o planeta.

Os veículos utilizados para transportar esses produtos pelo mundo todo desperdiçam milhões de litros de combustível. Em casa as pessoas também gastam uma enorme quantidade de água, gás, eletricidade ou lenha preparando e esterilizando mamadeiras.

O leite materno não gasta energia extra para ser produzido, não usa embalagem, não precisa ser transportado para lá e para cá, está sempre pronto para se tomar sem precisar ser aquecido.

  15 - TABUS, LENDAS E MITOS

Nesse capítulo vamos tentar esclarecer algumas crendices populares que não possuem embasamento científico, mas ainda assim são passadas por parte da população e por algumas publicações.

Existe leite fraco?

Não. O leite humano é o melhor alimento, ele é balanceado de acordo com a necessidade do bebê, se transforma durante cada mamada, oferecendo nutrientes em quantidade e qualidade ideal. Até mães desnutridas são capazes de produzir um leite que é o melhor alimento para seus bebês.

Posso não ter leite suficiente para meu bebê?

Toda mulher tem a capacidade de produzir leite materno, quanto mais o bebê mama, mais você produz leite. O leite é produzido de acordo com a demanda da ordenha.

Devo passar algum creme nas mamas?

A região da aréola e mamilo não devem receber nenhum tipo de hidratante, pois existem secreções na própria aréola que lubrificam e protegem a região. Pode-se usar cremes nas demais regiões do peito, mas nunca na região mamilo-areolar.

O tamanho da mama influencia na produção de leite?

Não. O que interfere no tamanho da mama é a quantidade de gordura acumulada ao longo dos ductos, mas a produção do leite é devido a um reflexo neuro-hormonal.

Posso amamentar após a cesariana?

Sim. Após a cesariana você pode ter um pouco mais de dificuldade, afinal você está se recuperando de uma cirurgia, mas ainda assim deve oferecer o peito frequentemente para que se estabeleça a produção de leite. Deve-se ter cuidado em relação a posição do bebê sobre a mãe.

O bebê necessita tomar água?

Até o sexto mês de vida o organismo do bebê só está pronto para receber o leite materno, este supre todas as necessidades, inclusive de água. Qualquer outro alimento introduzido neste período só prejudicará o bebê.

Pode-se usar chupetas ou mamadeiras ortodônticas?

Não. Qualquer mamadeira prejudica o aleitamento materno, pois causa confusão de bicos e o bebê acaba largando o peito, por consequência este deixa de produzir o leite. Chupetas são totalmente desnecessárias quando o bebê é saciado no peito.

Devo comer ou beber algo especial para produzir mais leite?

O mais indicado é beber muita água, pode se lançar mão de chás que estimulam a lactação através de plantas lactagogas. Se o bebê tiver muitas cólicas além do terceiro mês, deve-se rever a alimentação da mãe.

Posso usar pílulas anticoncepcionais durante a amamentação?

Não se aconselha o uso de pílulas à base de estrógeno, pois podem diminuir a produção do leite. Se fizer questão de um método hormonal, procure as pílulas à base de progesterona, fale sobre isso com seu ginecologista.

Como proceder no caso de um bebê prematuro?

Cada vez mais hospitais brasileiros estão adotando o método Mãe Canguru ao invés da tradicional incubadora. O bebê fica em contato direto com o peito da mãe e recebe o leite da mãe ou de um Banco de Leite Humano através de uma sonda. Quando ele estiver maior e em condições de mamar, a mãe oferece o peito naturalmente. Se necessário, faz-se a relactação da mãe.

É possível amamentar um filho adotivo?

Sim. Toda mulher é capaz de produzir leite. Basta colocar o bebê para estimular a mama que por volta de 1 semana haverá leite. Neste período pode-se usar uma cânula fina junto ao mamilo introduzindo leite para que o bebê sinta que a ordenha está dando resultado.

Cirurgias de mama impedem a amamentação?

Não. No caso dos implantes de silicone não há prejuízo da função, pois o material é colocado entre a glândula e o músculo, ou abaixo do músculo sendo esta opção funcionalmente melhor embora o resultado estético seja menos satisfatório. No caso das reduções de mama, os médicos tomam cuidado para não romper os ductos lactíferos, o que diminuiria a possibilidade de amamentar.

   16 - CONCLUSÃO

O manual foi criado para encorajar as mães quanto as possibilidades do aleitamento materno. Tentamos passar de maneira humana e carinhosa informações e técnicas sobre o assunto para trazer confiança e tornar as mulheres mais seguras.

Não queremos de maneira alguma que as mães que, ainda assim, não tiveram sucesso na amamentação se sintam culpadas, pois nada substitui o amor materno.